Imagens do inconsciente: arte integra vivência fotográfica

Na nudez de corpo e alma, uma artista dança enquanto sobre seu corpo é projetada uma série de pinturas, que manifestam imagens do inconsciente de quem as produziu. Ela é simultaneamente fotografada e filmada, enquanto se entrega aos movimentos de sua performance e integra dento de si tintas, cores, texturas.

A proposta do ensaio surgiu com o convite do fotógrafo Jr. Franco, idealizador do Projeto Body Projection. No trabalho, pessoas são fotografadas ou filmadas, enquanto projeções estáticas ou em movimento perpassam sobre seus corpos nus. A novidade foi o convite feito à artista plástica Cláudia de Sousa Fonseca: seus quadros autorais seriam projetados no corpo da pintora, durante uma performance artística.

Essa foi a primeira vez que Jr. fez um ensaio com obras de texturas reais, não digitalizadas. “Eu acompanhava o Instagram da Cláudia, com as postagens das pinturas produzidas por ela. E me chamavam a atenção não só as imagens, como também os textos das fotos. Eu via que as obras significavam muito, que eram uma declaração de sensações que ela estava passando naquele momento. Me deu vontade de ver como esse sentir em forma de pintura atravessaria o corpo, com essas texturas”, conta o fotógrafo. Para Cláudia, a performance acompanhou a mesma profundidade de criação de seus quadros.

“A produção de minhas obras é sempre muito intensa, já que me conecto com imagens inconscientes minhas ou dos clientes que atendo como terapeuta. Minhas pinturas são feitas à mão, sem uso de pincéis, porque é uma forma em que me sinto mais conectada com todo o processo. Mas fazer esse ensaio me levou para outro lugar, eu me senti dentro das minhas criações. Sabia que seria profundo, mas não imaginava o quanto”, revela Cláudia.

Além de ter suas imagens corporais capturadas, ela também registrou a performance do artista Jr. Franco. Após montar dois estúdios, definir a iluminação e fazer a direção de arte do ensaio, o fotógrafo se entregou às lentes da pintora.

“Ver o Juninho entrar nos quadros que produzi e dar uma leitura totalmente nova de minhas obras foi muito especial. No ensaio com as imagens estáticas, eu dizia para ele: sinta o que essa pintura tem para te dizer e se posicione no quadro. Ele falava o que a imagem despertava nele e me mostrava aspectos de minhas pinturas que eu sequer tinha visto. Como artista eu atuo sob a percepção de que tudo o que crio é uma manifestação do inconsciente e cada um se conecta de acordo com o seu sentir”, declara a pintora, que também atua como fotógrafa artística.

Imagens do inconsciente na manifestação de pinturas terapêuticas

Cláudia atua como terapeuta integrativa e associa seus atendimentos com processos artísticos e acesso a questões inconscientes. No processo terapêutico Imagem da Alma, ela realiza um atendimento em que se conecta com uma demanda psico-emocional da (o) cliente. E, a partir disso, produz uma obra que reverbera também na terapeuta.

“Sou de uma perspectiva junguiana que assimila o encontro terapêutico como uma troca, que ocorre também de inconsciente para inconsciente. Da mesma forma que estou ali para facilitar um processo, eu também estou em processo. A partir disso eu produzo os quadros”, explica.